Oie gente! Tudo bem? Eu estou ótima!
Hoje tem resenha! Aêêh! Dessa vez é de um livro Infanto-juvenil , da minha amiguinha do coração, a Michelle! Tá bom. Sem mais rodeios, vamos à resenha.
Sinopse
"Foi numa dessas sexta feiras santas de Nosso Senhor que eu mesmo ouvi , contado por meu avô, durante um Sarau como este, a história de como o peixe Mulato Velho, pescado e preparado pelo Velho BOBO virou um prato tradicional de Amarílis , cidade que remonta a época da escravatura do Brasil. Com o tempo eu mesmo passei a contar essas historias para os turistas de Amarílis, como conto agora para vocês. Se é verdade verdadeira eu não sei dizer. Mas conto para vocês do mesmo jeito que ele me contou há muitos anos." Conheça como o ex-quilombola Bobo serviu de elo entre as culturas africana , portuguesa e indígena que geraram, por fim, nossa identidade cultural , através dessa mágica e saborosa colcha de retalhos costurados com palavras.
Resenha
Logo nas primeiras páginas do livro há um capítulo de apresentação, no qual a Mi explica com detalhes o processo que a levou a escrever Mulato Velho. Pra mim, a apresentação é uma das partes mais interessantes. Você se pergunta: Como é possível que de algo tão simples possa surgir um livro tão incrível?
“Mas isso nem era tudo. E nem seria suficiente para aplacar minha curiosidade, definitivamente fisgada como peixe” – pág 17
Nas páginas seguintes somos apresentados a uma cidadezinha turística e fictícia do rio de Janeiro, Amarílis e as histórias desse lugar que são contadas pra nós por Roberto.
Quase todo o livro se passa durante as últimas décadas de XIX, um período marcado não só pelos horrores relacionados à escravidão, mas também ao fim, ao menos teoricamente, dela. E é aí que está a beleza e a grandiosidade de Mulato Velho que, com suas pouco mais de cem páginas, é capaz de expressar em palavras parte das vidas de integrantes da sociedade da época, de forma que aula de história nenhuma jamais conseguiria.
Se engana quem pensa que todo o livro é baseado na vida triste de negros, não que esse não seja um dos temas. É sim. No entanto, o foco é cultural, entendem? Temos personagens que contribuem com o todo de maneira incrível, como Sinhá Verônica que, nos poucos momentos em que é citada, mostra o lugar da mulher naquele tempo.
“E ali estava, emudecida, como se fosse parte da mobília, confinada nos domínios de seus aposentos, a mulher do cafeeiro, Sinhá Verônica, junto à sinhazinha Antônia” – pág 28.
A 'mitologia' - lendas e tudo mais - é tão bem contada que, algumas vezes eu parava pra me perguntar se era real. E como conclusão: Quem é que pode dizer se algo é real ou não?! Estava pensando no motivo da classificação “infanto-juvenil”, e pra ser sincera, acho que é porque se espera que as “pessoas grandes” já tenham lido milhões de histórias desse tipo, mas será que isso procede?
De qualquer forma acho que é minha obrigação pedir: Senhores adultos, leiam coisas assim, que possam fazer vocês enxergarem o outro lado da moeda, porque não é justo pedirem que as crianças “fiquem bem informadas” ou que elas olhem as coisas com outros olhos, especialmente se usarem a justificativa “são o futuro” porque vocês já sabem que só é possível mudar as coisas no presente. Nós não somos o presente?
Fixa Técnica
Titulo: Mulato Velho
Autor: Michelle Louise Paranhos
Editora: Raizes América
Páginas: 104
Boa leitura pra quem escolher Mulato Velho! Não vão se arrepender!
Beijos e até mais!
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